"De ti, aprendi a lição mais cruel: Que a vida é breve e preciosa, Que cada riso, lágrima ou abraço É um tesouro que não volta mais..."

 

 


 

Uma Carta para a Morte
(Por Ernesto Jinga)
 
Querida Morte,
Escrevo-te no silêncio da noite,
Onde a lua assiste impassível
À dança das horas que carrego.
Não te temo, mas tampouco te desejo,
És sombra que sussurra segredos,
Promessa de fim e de recomeço,
Porta que todos, um dia, atravessamos.
Tens roubado rostos que amei,
Com teus passos frios e inevitáveis,
Deixando saudades cravadas no peito,
Cicatrizes que o tempo não apaga.
Por que vens tão cedo para alguns,
E tardas tanto para outros?
És justa ou apenas indiferente
Ao pranto que marcas em nossa pele?
De ti, aprendi a lição mais cruel:
Que a vida é breve e preciosa,
Que cada riso, lágrima ou abraço
É um tesouro que não volta mais.
Então, te escrevo, não para pedir clemência,
Nem para implorar por mais tempo,
Mas para agradecer por lembrar-me
De viver antes que venhas me buscar.
E quando vieres, que seja sereno,
Como uma brisa que apaga a chama,
E não uma tempestade voraz
Que arranca tudo sem aviso.
Até lá, continuarei a escrever,
Deixando versos como pegadas no mundo,
Para que saibam que estive aqui
E que, apesar de ti, a vida foi bela.
Com resignação,
Ernesto Jinga
 

 

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