Amor amigo te desamassa por dentro...
Tenho algo seu
De quando meus olhos
ainda pousavam nos seus
Diziam e calavam sua timidez
Deixou cair em minhas mãos
naquela noite
Numa brincadeira de criança
Guardo com afeto, carinho
Há instantes em que me zango
Jogo-o com força na caixinha
dele me descuido...
Em segundos me refaço
Toco-o de novo com carinho
Cuido, cuido,cuido...
Ele me diz de você
Faz poesia em mim
O anel que tu me destes
Não te lembras, bem sei
Ontem, segredo nosso
Hoje, segredo meu...
(Regina Paoli)
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
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