Amor amigo te desamassa por dentro...

 

 

 


 

 



 Tenho algo seu De quando meus olhos ainda pousavam nos seus Diziam e calavam sua timidez Deixou cair em minhas mãos naquela noite Numa brincadeira de criança Guardo com afeto, carinho Há instantes em que me zango Jogo-o com força na caixinha dele me descuido... Em segundos me refaço Toco-o de novo com carinho Cuido, cuido,cuido... Ele me diz de você Faz poesia em mim O anel que tu me destes Não te lembras, bem sei Ontem, segredo nosso Hoje, segredo meu...
(Regina Paoli)

 

Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Antônio Cícero


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