Deixe seu coração no sol...

 "E nunca me senti tão profundo e ao mesmo tempo, tão alheio de mim e tão presente no mundo."

Dobrada à moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.


Álvaro de Campos, in Poesias
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

 

  o amor deve ser que nem  a poesia, 

aquecer o coração, 

Lembrar-nos de  que somos presente,

sem embrulho, sem laço,

 em dias de sol, de chuva,  sem estardalhaço.

A gente deve amar e ser feliz todo dia

Temos um mundo de amor e alegria de ontem,

Hoje, guardado dentro da gente...

Estou presente, você sente?

(Regina Paoli) 





 



 


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