Parte XXVII "Deixar ir, não significa desistir, mas sim aceitar que há coisas que não podem ser."

10 meses se passaram...
Toda a "ausência" de Lírio se manteve. Nenhuma carta.
Algumas notícias chegavam através de primas e alguns poucos amigos que tinham em comum.
Íxia já não mais esperava o carteiro com aquela ansia infantil de antes; embora no fundo quisesse muito que Lírio "guardasse o caminho de volta".
Era o seu "desejo secreto", nada dizia a respeito, sentia apenas.
As vezes até doía...
Talvez fosse mesmo um pouco orgulhosa,
isso explica a sua tentativa de forjar uma "imagem" de Indiferente e descolada;
principalmente frente as pessoas ligadas a Lírio.
Por dentro, sentia-se "impar", aquele "amor" que existia apenas de sua parte, que dava luz, cor e tom ainda que desafinado era a sua existência.
Talvez ele nem soubesse, pois ela fazia questão de esconder; mas somente a idéia de encontrá-lo em qualquer esquina; de ter a sua amizade para sentí-lo mais perto,
ou um OI seria suficiente pra sentir-se feliz...
A sua lembrança era uma constante, Não cansava de ler seus textos antigos,
pegava as fitas cassete de músicas gravadas especialmente pra ele, mas nunca "enviadas",
lembranças dos sonhos que se contaram, dos segredos divididos e outros completamente segredados...
Estava no limite. A rotina parecia andar em círculos dentro da inércia em que tudo se transformara.
Transbordaria a alma se não tomasse uma atitude...
Pensava em milhares de possibilidades mas nenhuma delas parecia ser verdadeira.
Não dava para escolher um caminho sem saber onde se queria chegar...
Na verdade, depois de tanto tempo, conseguia "começar" a pensar nas palavras de Vivaz:
"Lírio é apenas uma projeção do que você quer pra você"
Projetar, esperar ou entregar a alguém a dura tarefa de nos fazer felizes não era algo construtivo, tão pouco sensato. Sabia disso!
Havia nascido para flor; suas pétalas frágeis, tinha espinhos, mas seus galhos
eram demasiados fortes, haveria de "enfeitar algum jardim". Sentia isso.
Foi um ano difícil.
Ganhou. Perdeu.
Perdeu o ano na escola.( Pela primeira vez)
Sentiu muito.
Jamais havia perdido sequer um bimestre.
E agora, o ano. Logo 0 último. O terceiro ano de magistério.
Com tudo pronto para a formatura. O anel de formatura lindo!
Presente do pai, Sr Didi.
(ser humano único e singular. uma presença carismática.
Excessivamente ciumento com as filhas,
turrão em relação aos namoros. Tímido nos gestos de afeto;
mas extremamente afetuoso.)
Ganhou experiência. Construiu coisas novas.
Conheceu pessoas maravilhosas.
Algumas delas do Encontro vocacional.
Entrara no encontro porque em algum momento sentiu que seria mais fácil ser "freira".
A sua permanência durou pouco.
Descobriu o verdadeiro sentido daquele encontro vocacional;
"não era fuga, mas compromisso".
Sentia-se chamada para a "vida"
Tinha a vocação humana : Ser gente, ser pessoa
E sua alma de flor tinha desejos de florir , "gerar flores"...
Foi um ano que se afastou ainda mais do que passou.
Da sua porção menina.
Fez com que quissesse viver mais e sentir as coisas como elas eram.
Suas decisões teriam de ser tomadas de alma "livre".

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